CINEMA DESCONFINADO
O regresso progressivo aos cinemas aconteceu durante os meses de verão. De forma ténue, com resultados pouco estimulantes, as salas foram retomando a sua programação com uma oferta menos atraente para os espectadores.
O primeiro grande momento deste reencontro dos espectadores com os filmes em sala aconteceu durante os festivais da rentrée – em setembro, Toronto, San Sebastian e Veneza mostraram que é possível realizar eventos de grande dimensão
sem registo de surtos da Covid 19.
O Festival de Veneza foi o mais relevante e fica para a história por ter sido o primeiro a retomar a atividade presencial. Foi lá que Pedro Almodóvar fez uma declaração que define como devemos encarar este momento. O cineasta espanhol afirmou que a ida das pessoas ao cinema funciona com um antídoto para os efeitos da reclusão que vivemos durante o confinamento imposto na primavera passada. Retomemos esse ato social de partilha de um filme em sala num ano em que estivemos demasiado tempo fechados em casa e estabelecemos uma relação muito forte com a ficção cinematográfica através da oferta disponibilizada nos canais de ‘streaming’.
Este número da METROPOLIS dá conta do que vimos nos festivais de cinema de outono, identifica filmes que iremos ver nos próximos meses e recomenda algumas das séries que poderemos continuar a seguir em casa. A nossa relação com os espectadores, os distribuidores e os programadores é retomada, simbolicamente, nesta edição #75 que é publicada numa conjuntura de incerteza e de enormes desafios. É também uma forma de afirmar que resistimos e
prosseguimos com esta aventura de ir ao cinema.
TIAGO ALVES