CRÉDITOS FINAIS
No ultimo plano do ano assistimos ao encerramento do cinema Monumental, em Lisboa. A novidade chegou de surpresa, nas vésperas de natal, quando tinhamos a revista já paginada e os 12 planos do ano, que podem ler adiante, devidamente
escolhidos.
Fica esta nota de introdução para dar visibilidade a esse plano e notar que a capital portuguesa perdeu 4 salas de cinema que há 25 anos introduziram a exibição em cinema digital, e durante esse periodo exibiram uma programação eclética. O Monumental era uma sala de centro comercial, é certo, mas com porta para a rua e um cartaz competitivo e desafiador, popular e erudito.
Hoje, em Lisboa, só existem três salas de exibição fora dos centros comerciais: o Cinema Ideal, no Chiado, remodelado e reaberto pelo produtor Pedro Borges, em 2014, o Cinema Nimas, a única sala que Paulo Branco explora na capital depois de ter decidido encerrar o Monumental, e o City Alvalade, do exibidor Cinema City. Dir-se-á que as pessoas preferem ver cinema no conforto dos multiplex existentes nos centros comerciais – seja na capital ou nas restantes cidades onde existe essa oferta… mas segundo os dados mais recentes do Instituto do Cinema e Audiovisual, o distrito de Lisboa, do qual fazem parte 16 concelhos, é o que engloba mais salas de cinema no país, com 145 ecrãs e cerca de 26.000 lugares. Este ano (com os dados que conhecemos, apurados até novembro) estas 145 salas do distrito de Lisboa registaram uma média de 24 espectadores por sessão de cinema.
Os cinemas enfrentam uma concorrência do serviço de streaming e da oferta pay per view. Mesmo considerando que em 2018 aconteceu o Mundial de Futebol, é preciso encontrar explicações para a diminuinação da afluência de público que se traduz em 15 milhões de espectadores em sala, ou seja, cada cidadão foi uma vez e meia ao cinema.
Programar filmes estimulantes tornou-se um desafio tremendo. Este derradeiro número de 2018, onde fazemos as nossas escolhas, individuais e coletiva, é dedicado a quem programa nesta conjuntura. Celebremos esses filmes e desejemos que 2019 seja mais positivo. Continuamos aqui a acreditar nisso.
TIAGO ALVES