Metropolis 103

Metropolis 103

Num ano rico em filmes capazes de alcançar box offices astronómicos, de se revelarem verdadeiros fenómenos entre filmes tão diferentes como a história da boneca mais famosa do mundo e como ela pode ter afetado a forma como uma geração de mulheres olhou para si, ou o dilema por trás da descoberta mais mortífera e poderosa do mundo, a verdade é que também se descobriram pequenas (grande) histórias que estão a ganhar o seu espaço na corrida aos grandes prémios.

Um mundo fantástico sobre a descoberta ingénua da vida por um ser que quer viver na sua plenitude, sem limitações das crenças que a sociedade impôs («Pobres Criaturas»); um sonho que depois de tantos insucessos se revela um novo objetivo, mesmo que seja necessário enfrentar a própria vida e a possível perda da mesma («Nyad»); a verdadeira anatomia de uma queda, que abre um sem número de perspetivas e explicações que vão muito além da causa evidente («Anatomia de uma Queda»); pessoas que se cruzam algures na vida, e que resolvem nesta dimensão o que não foi resolvido noutras, ou apenas uma grande coincidência de se encontrarem as pessoas certas a cada momento da vida, sem acreditar que o destino está já escrito («Vidas Passadas»)…

Ou então, o clássico professor que descarrega nos alunos a sua frustração de nunca ter sido audaz com a sua carreira e se dedicar apenas à bebida e a maltratar os outros. A verdade é que quando este professor fica preso na escola com um aluno e uma cozinheira, durante umas férias de Natal, estes «Excluídos», mais não são pessoas que a vida parece ter rejeitado, mas que quando as expectativas estão tão baixas, o próximo passo só pode ser subir. E é nas pequenas ações que as grandes vitórias estão reservadas, tal como na vida. Nem tudo o que é imponente e visível reflete as grandes conquistas. Por vezes, precisamos perder e arriscar fazer diferente, mesmo que essa pareça a maior queda de sempre. Só que é nesse momento que a rede de segurança se abre e o novo se prepara para entrar. Apenas precisamos abrir a porta… A vida encarregar-se-á do resto e qualquer salto de fé vai ser sempre amparado numa nova realidade que nos leva de volta ao caminho “certo”.

Analogias de filmes que nos levam na viagem alucinante da imaginação, dos mundos paralelos, dos thrillers e fantástico, quando na verdade as mensagens mais impactantes serão sempre aquelas que se nos alojam nas vísceras e nos inspiram a avançar, mesmo quando achamos ser os “ excluídos”…

SARA AFONSO

Artigos recentes