Kenneth Lonergan tem apenas três longas realizadas em 16 anos, todas elas sucessos críticos, e «Manchester by the Sea» não é excepção, o filme é um absoluto knock-out dramático. Lonergan assina o argumento e dirige Casey Affleck numa performance que lhe valeu um Oscar totalmente merecido de Melhor Actor numa interpretação poderosa de um homem que transporta consigo um abismo e não sabe como lidar com uma dor que é maior do que a sua existência. O personagem é forçado a reencontrar um passado maldito na cidade piscatória de Manchester, na Nova Inglaterra, quando o seu irmão (excelente interpretação de Edward Burns) morre de doença prolongada e deixa à sua custódia o sobrinho de 17 anos (bom apontamento de Lucas Hedges). A inteligência do argumento não atira para cima do espectador um drama de caixão à cova, pelo contrário, até proporciona alguns interlúdios com migalhas de humor negro perante a tragédia desta narrativa. As performances são bem esmiuçadas, o elenco liderado por Affleck que está da cabeça aos pés no papel com a câmara de Lonergan a saber acompanhar os silêncios, a raiva contida e a linguagem corporal que delineiam uma tragédia e tentativa de ultrapassar a dor numa dicotomia entre o presente e o passado com o pano de fundo da bela e melancólica costa do Massachusetts.

Título original: Manchester by the Sea Realização: Kenneth Lonergan Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler. Duração: 137 min. EUA, 2016

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