Page 7 - Revista Metropolis nº87
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O CINEMA PORTUGUÊS A IMPOR-SE
NO BFI LONDON FILM FESTIVAL
CINEMA PORTUGUÊS
RUI PEDRO TENDINHA
Dou por mim no BFI London «Onde Fica esta Rua ou sem Antes nem Depois»
Film Festival a pensar na talvez apenas diga mais a quem conhece «Os
imagem do nosso cinema Verdes Anos», mas não deixa de ser uma viagem
i n te r n ac i o n a l m e n te . por uma Lisboa em tempos de covid que dialoga
Apesar de ser um festival com uma nostalgia onde passam uma Velha Lisboa
com uma ou outra estreia e outros fantasmas. Quanto a «Nayola» é daquelas
mundial, a sua vocação animações que nos faz entrar num estado de
é ser um pouco o best- espírito, numa dor de um povo. Uma Angola
of dos festivais grandes anteriores, ou seja, destruída mas onde há uma ideia de reactividade,
só entram os melhores. Por esse critério, seja através da fé no rap, seja através da evocação
é particularmente positivo encontrar dois das lendas místicas. Muito belo, sobretudo.
títulos portugueses: «Onde Fica Esta Rua?
Ou Sem Antes nem Depois», da dupla Guerra Dois exemplos de filmes que não chocam num
da Mata-Rodrigues e a animação «Nayola», festival que pareceu dominado pela máquina
de José Miguel Ribeiro. E são mesmo dois de marketing da Apple , Netflix e da Amazon.
bons filmes: o primeiro um ensaio sobre Qualquer dia, não é London Film Festival, é
o lugar da memória do cinema português, London Streaminng Festival. Mas perdoem-me
neste caso a partir dos locais onde se a confissão: foi um privilégio ver em grande ecrã
filmou «Os Verdes Anos», de Paulo Rocha e o «Lady Chaterley Lover», aposta da Netflix para a
segundo uma complexa reflexão para adultos temporada dos prémios. É o filme que vai fazer de
sobre as feridas da guerra civil em Angola. Emma Corring uma estrela.
c r ó n i c a
METROPOLIS OuTubRO 2022 7