Page 10 - Revista Metropolis 110
P. 10
HELLO, IMELDA!... ON THE ROOF
CINEDOQUE
SARA QUELHAS
Ir a Londres e não ver Para tal, enceta uma estratégia musical
um musical (pelo menos), complexa, que leva o coprotagonista, Horace
transformou-se no Vandergelde (Andy Nyman) quase à loucura.
equivalente a ir a Roma e não Com muita comédia à mistura, o romance vai-
ver o Papa. Na verdade, já fui se desenvolvendo entre passos coordenados,
a Roma e não vi o Papa, mas jogos de cenário e diálogos curiosos.
não resisto a uma boa ronda
de teatro, sobretudo musical, Outro dos destaques vai para uma iniciativa
na capital da Inglaterra. Este verão não foi exceção que tem lugar, regularmente, no Regent's
e, entre espetáculos há muito aguardados e “rush Park Open Air Theatre. Um teatro ao ar livre,
tickets” no próprio dia, foram vários os teatros num dos jardins de Londres. Desta feita, a
que corri em Londres, atrás de surpresas e uma peça em cena foi «Fiddler on the Roof» [«Um
ou outra desilusão (cof, Starlight Express, cof). Violino no Telhado»], uma história antiga que
é sempre possível adaptar aos nossos dias.
Uma das recentes boas surpresas em West Numa atualidade repleta de guerras e divisões,
End foi «Hello, Dolly!», um regresso adocicado a narrativa de um grupo de cidadãos expulsos
com a “rainha” Imelda Staunton, que detém o da própria terra tem ecos fortes de realidade.
recorde de atriz mais premiada na categoria de
Melhor Atriz em Musical (com três vitórias) Uma história comovente e forte, que se
nos Prémios Olivier. Depois de protagonizar evidencia também pela ousadia de fazer teatro
«The Crown», a atriz solidificou, ainda mais, o ao ar livre, independentemente das condições
seu lugar na realeza britânica da representação, que se apresentem. Um pôr do sol diferente,
pelo que não tinha nada a provar nesta viagem, entre música, diálogos fortes e alterações
curta, a West End. Pelo contrário, basta aparecer térmicas constantes, que exigem a adaptação da
no palco para o público entrar em euforia e a audiência ao que acontece em palco e fora dele.
presentear com uma das ovações da noite, antes
de fazer, sequer, a sua primeira apresentação. Não obstante ao tema que motivou esta crónica,
em solo nacional são também muitas as peças
A história, essa, já traz poucas surpresas. teatrais que ocupam – e vão ocupar – os palcos
Uma matchmaker ambiciona o seu próprio nos próximos meses. Destaque para a adaptação
“match”, depois de perder o marido, de do musical «Querido Evan Hansen», em cena no
forma a ter alguma estabilidade e felicidade. Teatro Maria Matos.
10 METROPOLIS MêS 2022