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A REVALORIZAÇÃO DO IMAX AF_Anúncio Metropolis.pdf 1 10/05/2024 17:12
OPINIÃO
JOÃO LOPES
Que é feito da agitação não perdeu o rótulo de “independente”; o segundo
industrial e comercial relança uma “franchise” de sucesso, ainda que
que, ainda há poucos depois de uma espera insólita de sete anos (é
anos, dominou o mercado também o primeiro com chancela da 20th Century
cinematográfico tradicional? Studios, quer dizer, depois da integração da 20th C
E escusado será lembrar Century Fox no império Disney). M
que passámos a usar o Y
adjectivo “tradicional” Para lá da enérgica utilização das imagens (e dos CM
para referir, não as plataformas de sons) do IMAX, o que distingue estes filmes não MY
streaming, mas o circuito das salas... é a ostentação técnica, mas sim a mais básica CY
revalorização do trabalho do argumento. Afinal de
Através da acumulação de filmes de super- contas, Garland começou por se distinguir como CMY
heróis, cada vez visualmente mais agitados argumentista, enquanto Josh Friedman, autor do K
e narrativamente mais incipientes (inclusive script de «O Reino do Planeta dos Macacos», tem
na utilização do 3D), viveu-se uma euforia uma experiência acumulada em que se destaca
profundamente equívoca. Em boa verdade, a sua contribuição para «Guerra dos Mundos»
estávamos perante uma possível implosão do (2005), de Spielberg.
sistema de produção para cujos perigos, há mais
de uma década, Steven Spielberg e George Lucas já Deparamos, assim, com uma revalorização do
tinham chamado a atenção. IMAX que dispensa a sensação beata dos efeitos
especiais como um fim em si mesmo. Para lá do
Damos um salto no tempo e, nos primeiros meses maior ou menor entusiasmo de cada um, o que
de 2024, na linha da frente do mercado, podemos distingue «Guerra Civil» e «O Reino do Planeta
observar um curioso retorno do IMAX. Penso, dos Macacos» é o retorno a um velho axioma de
não nos títulos necessariamente dominantes Hollywood: o aparato tecnológico não “vende” um
(em termos de promoção), mas em filmes como filme, mas pode servir para reforçar as respectivas
«Guerra Civil», escrito e dirigido por Alex Garland, qualidades narrativas. Resta saber se estas são
e «O Reino do Planeta dos Macacos», de Wes Ball excepções passageiras, ou se estamos perante um
— o primeiro proporcionou a maior abertura de genuíno empenho em repensar a arte de contar
sempre à A24, um estúdio que, melhor ou pior, histórias.
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