Aos 48 anos, M. Night Shyamalan é um dos maiores nomes do cinema fantástico da atualidade. Amado por uns e rejeitado por outros, mostra uma devoção cinéfila ao sobrenatural e aperfeiçoa o género recorrendo ao suspense e aos famosos twists finais que tanto o caracterizam. Já foi a maior promessa de Hollywood, passou uma fase de menor criatividade, mas nunca deixou de ser uma máquina de fazer dinheiro. Em «Glass», regressou a um género onde foi feliz para de novo se reinventar.

[Artigo originalmente publicado na revista Metropolis nº66, Fevereiro 2019]

Manoj Nelliyattu Shyamalan, mais conhecido por M. Night Shyamalan, nasceu em Mahé, Puducherry, na Índia, em 1970. As primeiras semanas de vida ficam intrinsecamente marcadas pela agitação vividas pelos seus pais, ambos médicos, que preparavam já uma “fuga” para os Estados Unidos da América, onde iriam em busca do american dream e de aprofundar os seus conhecimentos profissionais.
Escolheram Filadélfia, no estado da Pensilvânia, como destino e lá se fixaram com o objetivo de concluírem as suas especializações médicas.
Entretanto, criavam uma criança que crescia fascinada pelo mundo imaginário da sétima arte, com especial encanto pelo cinema fantástico e, mais concretamente, pelas obras de Steven Spielberg.
Assim, com apenas oito anos de idade, o jovem Shyamalan recebe a prenda dos seus sonhos, uma câmara de filmar Super-8, da qual viria a servir-se para produzir e realizar 45 filmes amadores e caseiros, filmados na sua área de residência.

Por esta altura, Shyamalan já frequentava a escola católica Waldron Mercy Academy, apesar de ter crescido com uma formação hindu. A opção pelas educação cristã iria ter seguimento na Academia Episcopal, ainda na Pensilvânia, e os bons resultados académicos iriam refletir-se em 1988, com a atribuição de uma bolsa de mérito escolar que lhe abriu portas na Universidade de Nova Iorque, onde viria a cursar Cinema.
Nesta decisão, que inicialmente mereceu a desconfiança do pai, foi decisiva a mãe de Shyamalan, que o incentivou a não desistir do seu sonho.

Já em Nova Iorque, Shyamalan altera o seu segundo nome do impronunciável Nelliyattu para o “americanizado” Night. É também na Big Apple que aprende a desenvolver as suas histórias, vendo e revendo filmes de Alfred Hitchcock.
Em 1992, inicia a sua carreira como realizador, tendo como primeiras fitas «Praying with Anger» (1992) e «Wide Awake» (1998), uma estreia tímida e baseada em experiências pessoais do jovem realizador.

Um ano mais tarde, em 1999 recolhe finalmente a atenção do público e da crítica através de «O Sexto Sentido». A fita torna-se um dos maiores êxitos desse ano. O filme, marcado por uma surpreendente abordagem ao mundo sobrenatural, sem a necessidade de recorrer a efeitos demasiado elaborados, baseia-se antes na sedução e no jogo de envolvimento do espetador com as personagens centrais. Método que viria a adotar, tornando-se uma das suas marcas de autor ao longo da sua filmografia.

«O Sexto Sentido» consegue seis nomeações para os Óscares, incluindo as categorias Melhor Realizador e Melhor Argumento Original para o jovem diretor indiano, na altura com menos de 30 anos.

Em Hollywood é visto como uma promessa e cria-se grande expectativa em torno dos próximos filmes de Shyamalan, já considerado um especialista em dramas sobrenaturais e conhecido pelos twists finais. No entanto, estas marcas de autor tornam-no, também, refém desse jogo com o espetador.

M. Night Shyamalan
M. Night Shyamalan na rodagem de «Glass»

Em «O Protegido» (2000), consegue manter a tónica da sua obra e volta a aproximar a fantasia a um mundo real, num estilo muito pessoal. Shyamalan conseguia, uma vez mais, contar dramas de fantasia em tons verosímeis, valorizando mais o enredo dos argumentos em detrimento dos recursos técnicos e efeitos digitais.

Seguem-se, no entanto, fitas “menores” na sua carreira. Falamos de «Sinais» (2002), «A Vila» (2004), «A Senhora da Água» (2006), «O Acontecimento» (2008), «O Último Airbender» (2010), «Depois da Terra» (2013) e «A Visita» (2015).
Afastam-se os críticos, apaixonados com os primeiros passos de Shyamalan, mas mantém-se um público fiel, bastando para isso confirmar os vários hits de bilheteira na lista supracitada.

Hoje, a análise da crítica aos seus filmes não é tão consensual. Acusam-no de repetir o conceito e a verdade é que sempre que tenta fugir ao género que conhece melhor é ainda menos aplaudido.

«Fragmentado» (2016) voltou a trazer o realizador indiano para a ribalta, muito graças a uma brilhante prestação do britânico James McAvoy. O sucesso do filme permite a Shyamalan revitalizar e concluir a trilogia “Eastrail 177“, que encerra com «Glass» (2019).

Um realizador presente com as inspirações certas

Conhecido no meio pela aposta recorrente no suspense e nas surpreendentes revoltas finais, Shyamalan tem conseguido cativar as grandes estrelas de Hollywood para os seus filmes.
Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Mel Gibson, Joaquin Phoenix, Sigourney Weaver, Paul Giamatti e Bryce Dallas Howard, entre outros, encaixam-se neste rol de protagonistas, que facilmente aceitaram o desafio do realizador indiano.
Atraídos pela forma muito especial e criativa de contar as suas histórias, com argumentos desenvolvidos pelo próprio, apesar de alguns altos e baixos na bilheteira, os estúdios têm-no apoiado. Por sua vez, a crítica vai acusando o realizador de abordar o suspense de forma previsível.
Na base de tudo, na inspiração cinematográfica, estão obras maiores – títulos certos, arrisco -, tais como: «Os Salteadores da Arca Perdida» (1981), «O Exorcista» (1973), «Psico» (1960) ou «Cães Danados» (1992).
Shyamalan é casado com Bhavna Vaswani, que conheceu na Universidade de Nova Iorque, desde 7 de março de 1993. Tem três filhos. Pedro Santos Ferreira

ARTIGOS RELACIONADOS
Caddo Lake – trailer

O filme Max Original CADDO LAKE, do produtor M. Night Shyamalan e dos guionistas e realizadores Celine Held e Logan Ler +

Armadilha – trailer

No filme, acompanhamos Cooper (interpretado por Josh Hartnett), um pai que vai com a sua filha adolescente a um concerto Ler +

Batem à Porta
Batem à Porta – trailer

O realizador M. Night Shyamalan, traz-nos BATEM À PORTA, um thriller misterioso sobre uma família que terá de fazer uma Ler +

Presos no Tempo/Old
PRESOS NO TEMPO

«Duelo no Missouri». É esta a resposta para a pergunta que muito provavelmente lhe vai ficar a ecoar na cabeça Ler +

Presos no Tempo
Presos no Tempo

M. Night Shyamalan é um nome incontornável no que ao género de terror diz respeito. Numa carreira que ganhou destaque Ler +

Please enable JavaScript in your browser to complete this form.

Vais receber informação sobre
futuros passatempos.