O fim começa agora. A Netflix lança hoje, 3, a primeira parte da quinta e última temporada de «La Casa de Papel», que conhecerá o desfecho derradeiro a 3 de dezembro. A Metropolis viu dois episódios em primeira mão.
Quando, a certa altura, uma cover de “Friday I’m in Love” começa a entoar e as personagens, de macacão vermelho e camisolas pretas, ficam alinhadas e comunicam sem palavras, há uma sensação arrasadora a despedida – já não podemos mais negá-lo. Algo estranho, atendendo que esta cena acontece logo no arranque da quinta temporada e a series finale ainda tarda uns meses. A última temporada de «La Casa de Papel», que totaliza 10 episódios, foi dividida em duas partes de cinco, com o conjunto final a cair no streaming da Netflix a 3 de dezembro.
No final da quarta temporada, Lisboa (Itziar Ituño) foi resgatada no âmbito da missão Paris e introduzida no Banco de Espanha; mas a fase de euforia durou pouco, já que Alicia Sierra (Najwa Nimri) encontrou o esconderijo do Professor (Álvaro Morte) e parece tê-lo encurralado. O homem dos mil planos nada pode fazer, na altura em que a equipa mais precisa dele: em desespero, ainda que numa atitude antecipada pelo Professor, Tamayo (Fernando Cayo) chamou o Exército para levar de vencida os assaltantes de uma vez por todas. Como se isso não bastasse, os reféns parecem estar mais descontentes do que nunca, e Arturo (Enrique Arce) cada vez mais alucinado. E, no meio disto tudo, será que Gandía (José Manuel Poga) consegue sair com vida?
As tensões estão ao rubro, e é assim que os fãs de «La Casa de Papel» gostam da série. Tudo pode acontecer e, com todas as personagens pressionadas e sem planos declarados, o descontrolo é evidente. Será este “O Fim da Estrada”? O título do episódio de regresso traça o mote dos primeiros acontecimentos, onde tudo parece perdido. Com ataques de todos os lados, a fuga de Tóquio (Úrsula Corberó), Denver (Jaime Lorente) e companhia é cada vez mais uma miragem, ainda que, na ficção, se desconfie sempre que, de uma maneira ou de outra, os “heróis” vão sair vitoriosos. Ao mesmo tempo, mantém-se a storyline cruzada (e quase silenciosa) do contexto mediático e popular dos assaltantes, com a população a mostrar o seu apoio, tal como acontecia no filme dos anos 70 «Um Dia de Cão» (1975).
O hype em torno da série tornou-se uma história non grata para alguns seriólicos, mas segurou definitivamente a atenção de milhões por todo o mundo. Cada lançamento é um verdadeiro acontecimento, e não é preciso muito marketing ou opiniões para garantir maratonas massivas este fim de semana.
Um dos maiores sucessos da Netflix, «La Casa de Papel» repete a fórmula de outras temporadas, ainda que desta feita pareça enveredar por caminhos mais desconhecidos. Muitas personagens populares estão em risco, o Exército mostra-se bem menos cauteloso do que os agentes habituais e não é certo qual o rumo derradeiro que o criador Álex Pina quer dar à sua história. Ainda assim, a possibilidade constante de um twist impactante, como uma morte ou um contragolpe, é desconfortável para audiência, ao mesmo tempo que torna a narrativa mais viciante. Um truque simples mas eficaz, que contribuiu para que a série espanhola se tornasse um verdadeiro fenómeno global.