2003. Por todo o lado há um burburinho ensurdecedor que alimenta a curiosidade dos/das amantes de cinema: Tarantino tem um novo filme – Kill Bill. Veem-se trailers, busca-se por mais informação, mas só piora, a ânsia aumenta, pois temos de esperar até outubro para ver nos cinemas portugueses A Noiva e a sua vingança.
Passados 16 anos, ainda sentimos um frenesim ao pensarmos, revivermos «Kill Bill – A Vingança (vol.1)». Fechamos os olhos e é um desfile de personagens e cenas. A mente enche-se com a voz de Nancy Sinatra e a melodia do assobio surge pouco depois. A personagem A Noiva é agora inseparável de Uma Thurman. Na tela, depois de ser quase assassinada pelos seus antigos companheiros mercenários e chefe Bill, acorda de um coma de quatro anos pronta para matar. E de olhos ávidos, seguimos Thurman/A Noiva na sua matança, mesmo ao estilo de Tarantino com muitos esguichos de sangue, saltos temporais e uma dança de referências e estilos cinematográficos. No volume 1 há duas batalhas inesquecíveis: pôr os “porquinhos” a mexer e a luta com O-Ren Ishii (Lucy Liu) e a sua trupe. A história de O-Ren prende-nos pois não só a representação de Liu é fantástica, mas também porque a sua biografia é revelada através de animação em estilo anime. Outro ponto forte deste confronto é o ambiente nipónico, desde às espadas, ao estilo de luta e cenários. Há uma adrenalina e beleza nas cenas, nos golpes, na fotografia e nos planos que faz com que a violência e a qualidade dos diálogos não nos perturbem.
“Bang, bang”, mas não morrem, pois as personagens de «Kill Bill – A Vingança (vol.1)» continuam bem vivas no nosso imaginário e na cultura pop, quem não deseja ter umas Onitsuka Tiger Mexico 66 Kill Bill?
Título original: Kill Bill: Vol. 1 Realização: Quentin Tarantino Elenco: Uma Thurman, David Carradine, Daryl Hannah, Lucy Liu, Vivica A. Fox, Michael Madsen Duração: 111 min. EUA, 2003
[Texto originalmente publicado na Revista Metropolis nº70, Agosto 2019]
https://www.youtube.com/watch?v=c_dNIXwrbzY