Kathryn Bigelow – perfil

Kathryn Bigelow – perfil

A realizadora dos filmes de culto «Ruptura Explosiva» e «Estranhos Prazeres» é a primeira e única mulher premiada com um Óscar de realização pelo filme «Estado de Guerra».

A realizadora, argumentista e produtora Kathryn Bigelow é conhecida pelas sequências de ação intensas e pela capacidade de realizar filmes bastante enérgicos, duros e atuais. Bigelow encontrou inspiração no seu pai, que gostava de desenhar e tinha o sonho de ser cartoonista. Quando chegou à idade adulta, Bigelow estudou pintura no Art Institute de San Francisco e ganhou uma bolsa de estudos que permitiu mudar-se para a cidade de Nova Yorque onde participou num programa de estudos do Whitney Museum of Art em 1972.

Apesar do investimento nas artes Bigelow desviou o seu foco para outro meio visual: “A minha mudança da pintura para o cinema foi muito consciente. Enquanto a pintura é uma forma de arte mais rarefeita, com uma audiência limitada, reconheci nos filmes essa extraordinária ferramenta social que poderia atingir um enorme número de pessoas”, explicou numa entrevista à revista Interview.

No primeiro que rodou, uma curta-metragem, «The Set-Up, (1978), explorou o tema da violência, que se tornaria recorrente no seu trabalho. Ela obteve o mestrado em teoria cinematográfica e crítica da Universidade de Columbia, em 1979, e passou a projetos de longa-metragem.

Bigelow realizou «The Loveless» (1981), com Willem Dafoe, inspirando-se num filme que admira, o clássico «O Selvagem» (1953), com James Dean. O filme recebeu elogios da crítica, atraindo mais atenção para o seu próximo projeto, «Depois do Anoitecer» (1987), um conto de vampiros ambientado no oeste americano.

«Ruptura Explosiva»

O seu primeiro grande filme de estúdio, «Aço Azul» (1989),foi protagonizado por Jamie Lee Curtis que interpretava uma recruta da polícia que se envolveu com um assassino, interpretado por Ron Silver. O projeto seguinte de Bigelow foi novamente um policial. Em «Ruptura Explosiva», (1991), Keanu Reeves desempenhou um agente do FBI que tentava prender uma brigada de ladrões de bancos que adoram o surf, liderados pelo personagem de Patrick Swayze. O filme foi desenvolvido com o seu marido, o realizador James Cameron, que já era conhecido por filmes de grande sucesso como «Exterminador Implacável» e a sequela «Aliens: O Reencontro Final». Nesse mesmo ano, o casamento de Bigelow com Cameron terminou.

Em seguida, Bigelow aventurou-se na televisão, dirigindo a minissérie de ficção científica «Wild Palms» (1993). Voltou ao cinema mantendo-se no mesmo género, no thriller de ação futurista «Estranhos Prazeres» (1995), com Ralph Fiennes. Ela escreveu o argumento do filme com o ex-marido, que também foi produtor no projeto. No filme, Fiennes interpretou um revendedor de gravações de experiências de outras pessoas, que os seus clientes podiam reproduzir na sua própria mente. O filme não obteve grandes resultados nos cinemas mas tornou-se numa obra de culto.

Depois de ter desenvolvido o argumento de «Undertow» (1996) e de realizar alguns episódios do drama criminal «Departamento de Homicídios» (1998 – 1999), ambos para televisão, Bigelow realizou outro thriller, «Tempestade no Mar» (2000), com Catherine McCormack, Sarah Polley e Sean Penn.

«Estranhos Prazeres»

O seu projeto seguinte passou pela filmagem do drama real «K-19: The Widowmaker» (2002), com Harrison Ford e Liam Neeson. O filme abordou um desastre histórico que aconteceu num submarino nuclear russo.

Voltando à televisão, Bigelow dirigiu episódios do drama criminal «Karen Sisco» (2004) e ajudou a desenvolver «The Inside», um drama criminal sobre agentes do FBI que caçam assassinos em série. A ideia desta série nasceu a partir de um artigo escrito pelo jornalista Mark Boal e marcou o inicio de uma relação criativa muito importante para Kathryn Bigelow. A realizadora e o argumentista juntaram forças para criar «Estado de Guerra» (2009), e Bigelow foi a primeira mulher a receber o Óscar de melhor realização. O filme ganharia anda diversos prémios, incluindo Óscares nas categorias de melhor filme, argumento original, montagem e edição sonora.

«Estado de Guerra» marca a entrada de Bigelow em território duro como o conflito armado do Iraque, filmando as operações tensas e arriscadas das brigadas de desarmamento de minas, a partir das experiências vividas por Boal enquanto repórter de guerra.

«00.30 A Hora Negra»

A parceria entre Bigelow e Boal seria desenvolvida com sucesso num outro filme atual, «00:30 A Hora Negra» (2012). O filme procura retratar os esforços dos serviços secretos para localizar o terrorista Osama Bin Laden e reconstitui a operação militar que permitiu eliminá-lo. Foi considerado um projeto polémico por revelar os bastidores das operações dos serviços secretos e as técnicas de interrogatório com recurso a tortura.

No seu mais recente filme, a realizadora continua a dramatizar factos reais relevantes. «Detroit» (2017) aborda um episódio marcante na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, reconstituindo os tumultos raciais que aconteceram na cidade, em 1967, e a resposta violenta e discriminatória da polícia.