Lee Child, o autor da muito popular série de thrillers centrados em torno de um ex-investigador da polícia militar americana chamado Jack Reacher, descreve o seu herói como um homem de poucas falas, exímio profissional, um colosso de cerca de 1 metro e 90, que se torna imparável quando fixa os seus objectivos.

A bem dizer este não parece ser o retrato de Tom Cruise, que em Hollywood talvez pareça colossal apenas ao Danny de Vito ou mesmo Warwick Davis, no que diz respeito á sua altura, claro.

Porém as aparências iludem e há que reconhecer que esta adaptação de Christopher McQuarrie – tornado famoso pelo argumento de «Os Suspeitos do Costume», da nona aventura do herói de Lee Child tem um sabor ao mesmo tempo contemporâneo, mas também retro, remetendo-nos para os ambientes do melhor cinema americano dos anos 70. A intriga gira em torno de uma série de assassinatos, cometidos por um atirador furtivo, que aparentemente ceifa de forma aleatória as vidas de cinco pessoas.

Surpreendentemente a polícia captura rapidamente o alegado culpado que se mostra pouco comunicativo, escrevendo num papel ‘tragam o Reacher’. E é então que surge o enigmático Reacher que aparece não para ilibar o acusado mas para cumprir uma promessa que lhe fez no passado. Essa promessa não era coisa boa. Porém Reacher nota uma série de inconsistências nas provas e acaba sendo contratado para investigar o caso pela advogada de defesa do acusado. Seguindo várias pistas, Reacher vai aos poucos desvendando uma elaborada conspiração que mete assassinos profissionais, um psicopata de serviço e os interesses de especuladores imobiliários.

Quem não gosta de Tom Cruise ou de fitas de acção decerto não apreciará esta nova tentativa de um novo franchise daquele que foi durante muito tempo o menino de ouro de Hollywood. Mas a verdade é que este não é apenas mais um thriller alimentício e previsível que nos faz passar um par de horas, num misto de acção, humor e violência. McQuarrie decerto se inspirou nos filmes de Alan J. Pakula e nos thrillers de Sidney Pollack para constituir as linhas de força da sua narrativa. A atmosfera e o tema é semelhante á do soberbo «The Parallax View», e tal como esse clássico, este também reflecte bem o estado de alma da América actual. No filme dos anos 70 era a conspiração política, aqui é a rapacidade do capitalismo anónimo. McQuarrie tira o máximo partido do seu material de origem, moldando-o á personalidade da sua estrela que parece mais que convincente como um investigador imparável. Além das sequências de acção e algum humor, com uma dupla de ineptos assassinos, o filme para além do sempre excelente Cruise conta ainda com a resplandecente Rosamund Pike, Werner Herzog como um tenaz sobrevivente do gulag, e o magnífico Robert Duvall num desempenho pequeno mas fundamental. Para rematar os seus laços ao melhor do anos 70, o filme conta com a magnífica fotografia de Caleb Deschanel, um veterano do cinema que nos dá aqui uma verdadeira lição do que é ‘pintar com luz’. Um thriller inteligente e eficaz que teve o azar de ver a sua estreia coincidir com mais um exemplo do romance sangrento que os americanos têm com as armas, refiro-me ao massacre de Newtown, que só prejudicou a sua carreira comercial. Ainda assim é um filme que merece a escolha dos apreciadores de bom cinema de género.

Título original: Jack Reacher Realização: Christopher McQuarrie Elenco: Tom Cruise, Rosamund Pike, Richard Jenkins, Werner Herzog. Duração: 130 min EUA, 2012

[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº5, Janeiro 2013]

https://www.youtube.com/watch?v=3zc_Emzd8Wo
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