Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

HOMEM-FORMIGA E A VESPA: QUANTUMANIA

HOMEM-FORMIGA E A VESPA: QUANTUMANIA

E entramos assim na fase 5 do Universo Cinematográfico da Marvel, com o terceiro capítulo das aventuras do Homem-Formiga e da Vespa, que desta feita são practicamente todas vividas no infinitesimal Mundo Quântico. O mundo de Antman sempre foi mais solarengo e bem-disposto do que as demais iterações dos super-heróis Marvel, o que lhe deu uma qualidade atractiva mais perto do comic-book original, não perdendo porém muito do dramatismo e acção vertiginosa a que os estúdios Marvel nos têm habituado. A ambição de criar algo de visualmente novo e apelativo levou desta feita os criadores do filme a combinarem ainda mais características da vastidão do Mundo Marvel numa narrativa ao mesmo tempo surpreendente, surrealista e muito frenética, que parece querer combinar acção, humor e grande espectacularidade numa etapa decisiva no desenvolvimento da tão esperada fase 5 do Universo Cinematográfico da Marvel. Nesse aspecto parece tudo bem encaminhado. Porém, visto noutro prisma, o filme pode ser visto como uma mistura do reverendo «The Incredible Shrinking Man» (1957), com uma versão actualizada e miniaturizada da saga Star Wars, onde há lugar para uma Aliança Rebelde contra o exilado Kang, o Conquistador, que é ao mesmo tempo Imperador e Darth Vader, e o grande vilão dos próximos capítulos da gesta Marvel.

E tudo começa quando a filha adolescente de Scott Lang, que se revela uma cientista genial, decide explorar o mundo quântico, de onde Janet Van Pym foi resgatada no filme anterior. A exploração tem efeitos funestos pois uma sonda quântica arrasta Scott, a filha e a família Pym, para o infra-mundo onde vão enfrentar perigos inesperados e conhecer uma galeria de criaturas improváveis que vivem sob o jugo de Kang, o conquistador. O Mundo Quântico revela-se tão bizarro e assustador quanto mortífero e mesmo os poderes de o Homem-Formiga e da Vespa parecem insuficientes para travar a ameaça de Kang que parece querer destruir não só o universo quântico como o multiverso.

Visualmente «Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania» é bastante sedutor dando-nos sequências inesquecíveis como uma pirâmide humana de Homens-Formigas e sequências bizarras como o aparecimento de um velho vilão transmutado na mais absoluta máquina de destruição, o terrível e deformado Modok. Como em todos os filmes Marvel, a caracterização das personagens é básica – os criadores partem do princípio que o espectador conhece não só o passado e evolução das personagens como a sua interacção noutros capítulos cinematográficos e televisivos do mundo Marvel. Peyton Reed revela-se uma vez mais o realizador ideal para o universo de Antman, articulando em justo tom os aspectos mais divertidos da série com uma leveza de abordagem nos aspectos mais pessoais e dramáticos da personalidade de Scott Lang e a sua relação com a filha e a família Pym. Neste aspecto Paul Rudd é uma vez mais central na criação do carismático Lang, mas as grandes revelações do filme são o cyborg homicida Modok (Corey Stoll) e Jonathan Majors na figura do assustador Kang, o Conquistador, de quem veremos muito mais noutros capítulos da saga Marvel.

Algo caótico e derivativo nalguns aspectos e com uma tónica menos humorística, «Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania» é mais semelhante a outros filmes Marvel, onde a acção é tão desenfreada e desesperada quanto espectacular. O que nos fica é um festival de efeitos-especiais que enche o olho mas que peca por ser menos substancial do que seria desejável. Manuel C. Costa

Título original: Ant-Man and the Wasp: Quantumania  Realização: Peyton Reed Elenco: Paul Rudd, Evangeline Lilly, Jonathan Majors, Kathryn Newton, Michelle Pfeiffer, Michael Douglas, Corey Stoll Duração: 125 min. EUA, 2023