Por muito bem-sucedidos, artística e comercialmente, que grande parte dos filmes de super-heróis do universo Marvel se apresentem, uma coisa é certa a imagem real, por muito espectacular que seja, não consegue efectivamente emular o dinamismo e imprevisibilidade das vinhetas de um comic-book. Mas há uma excepeção que são os filmes animados centrados no Homem-Aranha da Terra-1610, o adolescente Miles Morales, que tal como o lendário Peter Parker, foi mordido por uma aranha radioactiva que lhe deu os poderes aracnídeos. O primeiro filme, «Homem-Aranha: No Universo Aranha», lançado em 2018, apresenta-nos o jovem Miles e os seus problemas de adolescente que se tornam cada vez mais complexos à medida que ele descobre que não é o único com poderes de aranha.. De facto, uma explosão num acelerador de partículas revela a Miles uma infinidade de Homens e Mulheres-Aranhas oriundos de uma infinidade de universos, tão surpreendentes quanto graficamente singulares. O dinamismo e invenção do filme granjearam-lhe o óscar de melhor filme de animação na 91ª edição dos óscares, assim como receitas globais de mais de 350 milhões de dólares. Dado este pedigree a produção de uma sequela tornou-se algo de inevitável, que se concretiza agora com Homem-Aranha: Através do Aranha-verso. A história foi concebida como uma trilogia que se concluirá para o ano com «Homem-Aranha: Para além do Aranhaverso» (?). Esta sequela tem todas as características que tornaram o primeiro filme um absoluto sucesso, especialmente a nível gráfico, porem esta sequela sofre do mal comum a quase todas as fitas do meio nas ditas trilogias. Ou seja o espectador é envolvido na trama mas deixa-o pendurado num cliffhanger, que só se resolverá para o ano com o lançamento de um terceiro filme.
O argumento de «Homem-Aranha: Através do Aranhaverso» articula habilmente as sequências de acção com muito humor e invenção, e o desenvolvimento emocional do protagonista. As viagens trans-universo de Miles levam-no até uma Manhattan completamente indiana (Mumbainhattan) e especialmente até um universo futurista onde se reúnem todos os Aracnídeos do multi-verso e onde Miles descobre algo de singular que o vai pôr em rota de colisão com os seus pares. O futuro do multi-verso parece estar nas mãos de Miles, mas só para o ano é que descobriremos a sua resolução. Visualmente fascinante e imprevisível esta fita é mais um triunfo da equipa que nos seduziu com as aventuras animadas de Miles Morales, se bem que talvez seja necessário rever o 1º capítulo para apreciar a plenitude desta aventura. Talvez seja fruto da ambição do argumento, que intervala sequências de acção frenética com momentos de drama familiar e aprofundamento emocional de algumas personagens, esta sequela parece por vezes um pouco volumosa, porém o resultado final, no seu todo, é bastante positivo fazendo justiça ao primeiro filme. Mais um inevitável sucesso para as produções alternativas das personagens do mundo do Homem-Aranha, aqui produzidas pela Sony. Manuel. C. Costa
Título Original: Spider-Man: Across the Spider-Verse Realização: Joaquim dos Santos, Kemp Powers, Justin K. Thompson Elenco: Shameik Moore, Hailee Steinfeld, Mahersala Ali, Luna Lauren Velez, Oscar Isaac, Brian Tyree Henry, Daniel Kaluuya, Issa Rae, Jake Johnson, Jason Schwartzman, Andy Samberg, Shea Whigham Duração: 140 min. EUA, 2023
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