Num contexto de ausência de estreias significativas e encerramento das salas, a opção pelas plataformas de distribuição e o conforto do lar determinaram as escolhas de milhões de espetadores de cinema. As estreias de alguns, embora reduzidos, títulos de cinema não impediu a proliferação de séries e respetivas maratonas de episódios consumidos ao longo dos últimos três meses, nos lares portugueses.
Na véspera da reabertura dos cinemas e do regresso à magia da sala escura a HBO presenteou os seus assinantes com alguns extras do seu maior êxito de sempre: A Guerra dos Tronos; numa série de conversas com os protagonistas, conduzidas, de forma divertida e convidativa, pelo apresentador norte-americano Conan O’Brien perante uma audiência de membros do elenco e da equipa que ajudou a erguer as 8 temporadas consecutivas entre 2011 e 2019.
Consequência imediata: regressar a Westeros e às disputas fraticidas entre os nove reinos, à sede de poder e ao primado da violência e da luxúria se confrontam com a honra, a lealdade e o primado da família. Aprendemos a amar os Stark e a odiar os Lanister, com a mesma urgência sentimos temor pelos Targaryen, em especial pela futura rainha Daenerys e a sua sede de conquista. Participamos dos jogos de intriga e de corte, das traições e alianças forjadas nos bordéis, tabernas e cavernas dos palácios.
A chegada do Rei e da família Lanister a Winterfell, refúgio sagrado do reino do norte marca o início: o choque cultural entre os “chiques” da corte real e os “rudes” nortenhos, o convite para “Mão do Rei” a Ned Stark e a queda do pequeno Bran Stark, testemunha duma relação proibida na família Lanister são momentos decisivos e icónicos da primeira temporada. Os díalogos são afiados e certeiros, a ação é crua e depurada, as personagens complexas e os valores questionados. Não há herói que resista muito ao bradir da espada e ao silêncio do veneno.
Rever a série mais duma década depois de ter chegado aos ecrãs das televisões nacionais é também notar que muito mudou no panorama da distribuição audiovisual: hoje, as séries de relevo já não estreiam nos canais dos pacotes de televisão, mas sim nos serviços de streaming de cada um dos gigantes da distribuição global. Muito mudou mas uma certeza temos: “Guerra dos Tronos” é a série mais importante de sempre da HBO!