Mais influenciado pelo western de Hollywood do que pelas experiências europeias de Sergio Leone, Pedro Almodóvar fala sobre o bang-bang com «Estranha Forma de Vida».

Sergio Leone (1929-1989) é citado numa entrevista de quase 50 minutos de Pedro Almodóvar que é projetada juntamente com «Estranha Forma de Vida» (a produção chegou amalgamada a esse depoimento), na qual o realizador manchego fala dos spaghetti Western que, embora tivessem nacionalidade italiana, eram rodados em Almería. As terras espanholas emprestaram as suas paisagens a uma recriação europeia do mais norte-americano dos filões. Agora é a vez do realizador de «Voltar» (Melhor Argumento em Cannes, em 2006) conferir o seu olhar para este género.

“Nenhum filme de faroeste mostra dois homens a fazer uma cama. O meu mostra. O meu filme responde a uma frase que é dita num diálogo de «O Segredo de Brokeback Mountain» no qual Heath Ledger pergunta o que podem fazer dois homens que decidem viver juntos, envelhecer juntos, no Oeste”, disse o aclamado cineasta na Croisette, numa referência explícita ao vencedor do Leão de Ouro de 2005, realizado por Ang Lee, que ele, por pouco, dirigiu.

Nas duas vezes em que conquistou o Óscar, Pedro Almodóvar faturou cifras astronómicas com os melodramas que Hollywood laureou: «Tudo Sobre Minha Mãe» (1999) arrecadou US$ 67 milhões e «Fala Com Ela» (2002) contabilizou US$ 64 milhões. Na última década, os seus filmes de culto não arrecadaram tanto, mas ainda assim, impressionaram exibidores, vide os US$ 37 milhões que «Dor e Glória» arrecadou em 2019, sendo também nomeado à estatueta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A sua mais recente longa, «Mães Paralelas», que abriu o Festival do Rio de 2021, contabilizou, internacionalmente, uma receita de US$ 23 milhões. Por isso, e por toda a fama amealhada pelo cineasta manchego ao longo de 49 anos de carreira, a expectativa é alta em torno da estreia lusa de «Estranha Forma de Vida», título internacional da curta com o qual ele vem arrebatando uma nova legião de fãs. Ao mesmo tempo, acaba de sair uma espécie de romance biográfico do realizador – “O Último Sonho” editado pela Editora Alfaguara Portugal, que abarca sua vida da década de 1960 até os dias de hoje, quando ele totaliza (só) 169 prémios referentes à sua filmografia multicolorida. O livro ajuda a promover a curta.

Adquirido já pela MUBI, para ocupar lugar de honra em sua plataforma digital, «Estanha Forma de Vida» é um faroeste queer do diretor de «Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos» (Prémio de Melhor Argumento no Festival de Veneza de 1988).

José Condessa, Jason Fernández

“Dizem recorrentemente que o western morreu, mas, nos últimos anos, eu vi pelo menos três grandes exemplares do género, todos dirigidos por mulheres: «The Rider», da Chloe Zhao; «O Poder do Cão», de Jane Campion; e «First Cow – A Primeira Vaca da América», da Kelly Reichardt. São todos westerns, e bons, mas estruturados a partir de uma nova visão. Nas séries o filão também se manifesta com «Yellowstone». O que tentei nessa curta-metragem foi conversar com a tradição”, disse Almodóvar em Cannes, quando a produção causou alvoroço.

Numa analogia à anterior curta do cineasta, «A Voz Humana» (2020), há um refinamento no senso de montagem do cineasta para o formato. Surpreendente imersão na forma fílmica do bang-bang clássico, em especial no domínio da paleta de cores do género, «Extraña forma de vida» (título original do filme) recebe o mesmo nome do fado cantado por Amália Rodrigues (1920-1999), que é entoado nos minutos iniciais do filme por Caetano Veloso. Ao enveredar no Velho Oeste, ele dá provas de que pode ser gigante mesmo fora do seu registro, embora preencha as pradarias do filão celebrizado por John Ford com todos os elementos da sua obra. Lá estão: uma paixão desenfreada, a quebra de limites morais e a ideia nada cartesiana de que “desejo, logo sou”. Um lirismo folhetinesco de amor galopa pelas telas conforme somos apresentados ao amor engasgado entre o vaqueiro Silva (Pedro Pascal) e Jake (um Ethan Hawke em estado de graça), o atual xerife da cidade onde tudo se passa. Esse “tudo” é um reencontro, um flashback e um acto de justiça. Tudo embutido em 31 minutos editados com precisão cirúrgica.

https://youtu.be/dSGiVNsTHiY

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