Num futuro mais ou menos próximo a humanidade travou uma guerra com uma espécie alienígena que levou o planeta para lá do abismo da destruição. Sendo obrigados a abandonar a Terra em busca de novos lares, os sobreviventes da população terrestre usam a energia das águas dos oceanos para propulsionar as naves espaciais da nova diáspora humana. Um pouco por todo o planeta gigantescas centrais de conversão sorvem as águas do planeta transformando-as em energia, porém alguém tem que fazer o serviço de supervisão e manutenção técnica do equipamento e especialmente dos robots que protegem as centrais de incursões de alienígenas que vivem nas zonas mais desoladas do planeta. Jack Harper é o intrépido mecânico que diariamente repara as avarias de equipamento do seu sector, sendo assessorado por Victoria, a sua oficial de comunicações, com quem partilha uma morada nas nuvens. Porém Jack tem sonhos estranhos, sonhos do passado e de uma mulher que não é Victoria, a resolução do significado desses sonhos vai levá-lo a enveredar por um caminho que está longe dos rígidos códigos de conduta impostos pelos seus superiores. Mas ao infringir as normas, Jack vai acabar por descobrir que o mundo em que vive está longe de ser o que parece e que tudo o que sempre acreditou de facto não passa de um simulacro. Escrito e dirigido por Joseph Kosinski – o autor do reboot de «Tron» – a partir de uma até à data inédita novela gráfica escrita em parceria com Arvid Nelson, «Esquecido» (Oblivion) deve muito das suas ideias e conceitos a alguma da produção cienematográfica de ficção científica dos anos 70 do século XX, nomeadamente a filmes como «Silent Runnning», de Douglas Trumbull, Soylent Green, de Richard Fleischer, «Logan’s Run», de Michael Anderson, etc. A sombra tutelar de Philip K. Dick está também presente na concepção desta intriga, especialmente na ideia da vida simulada dos protagonistas e o modo como eles lidam com a realidade. Não sendo particularmente original, a ideia da conversão da água dos oceanos é algo batida e há muito ultrapassada pela ciência, na cintura de asteróides há mais água que alguma vez pode ser necessária, para fins energéticos ou outros. Kosinsky tem claramente uma perspectiva muito visual da sua história, esse é o seu forte, e assim tira o máximo partido dos vários cenários, o da terra desolada e principalmente o da casa nas nuvens dos protagonistas e a sua relação com a tecnologia. O filme resulta particularmente em termos visuais, sendo bastante coeso a nível do seu elaborado design, A isso junta-se o carisma, talento e empenho de Tom Cruise, talvez um dos mais subestimados actores de Hollywood, que aqui se entrega de corpo e alma a este projecto tornando-o numa aventura dinâmica e surpreendente que satisfará audiências sequiosas de algo mais do que parafernália modernaça e fogo de artifício digital. Não será um filme perfeito, não é, mas está muito acima do que actualmente passa por entretenimento de massas.
Título original: Oblivion Realização: Joseph Kosinski Elenco: Tom Cruise, Morgan Freeman, Andrea Riseborough, Olga Kurylenko, Nikolaj Coster-Waldau, Melissa Leo Duração: 124 min EUA, 2013
[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº8, Abril 2013]
https://www.youtube.com/watch?v=UsjdRsrR6cs