Tenho sérias dúvidas que depois de vermos «Em Fúria» tenhamos coragem de voltar a buzinar… O filme desenrola-se sobre o pano de fundo da road rage: um incidente entre duas pessoas num dia vai provocar uma perseguição implacável. Russel Crowe interpreta o papel de Tom, um psicopata frustrado e revoltado com a sociedade, que após assassinar a sua ex-mulher e o actual companheiro desta ainda lhe incendeia a casa. Ao ser procurado pelas autoridades cruza-se com uma mãe (Caren Pistorius) que está atrasada para o levar o filho à escola. O filme é uma narrativa de sentido único, episódios ultraviolentos, perseguições e um confronto anunciado. Russel Crowe desempenha uma figura intimidante, barrigudo e assustador, inicialmente não sabemos se devemos rir ou chorar de medo mas o actor dissipa essas dúvidas ao desenhar alguém ardiloso e verosímil, que tem uma enorme pancada mas é um vilão competente. Russel Crowe contracena com Caren Pistorius no papel de Rachel, inicialmente a actriz sul-africana interpreta uma personagem estereotipada, com sentimentos contraditórios, mas no modo de sobrevivência permite criar empatia perante a loucura de Tom. Carl Ellsworth foi o argumentista deste filme, é especializado neste tipo de dinâmicas de confronto entre dois protagonistas, veja-se «Red Eye» (2005) ou «Paranóia» (2007). Senti que o thriller poderia ter explorado outras dimensões dos personagens mas foca-se na acção de série B – não esperem muito mais que isso –, mas dentro do género cumpre os desígnios de acção ritmada, violência a rodos e a fúria na estrada levada ao extremo.
Título original: Unhinged Realização: Derrick Borte Elenco: Russell Crowe, Caren Pistorius, Gabriel Bateman. Duração: 90 min. EUA/Reino Unido, 2020
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