«Dopesick» é uma das principais estreias do Disney+ Day, esta sexta-feira, 12. A série retrata o lançamento, promoção e consequente prossecução do OxyContin, um medicamento super viciante que revela a pior face do mercado farmacêutico na América.
Com nomes como Michael Keaton, Peter Sarsgaard, Michael Stuhlbarg e Rosario Dawson no elenco, «Dopesick» não precisa de muito para atrair todas as atenções. A série, inspirada em factos reais, avança e recua no tempo para contar como um medicamento, OxyContin, foi lançado no mercado com base em informações fraudulentas, tornando-se um negócio lucrativo para uns e catastrófico para outros. O espectador tem a perspetiva empresarial, comercial, médica, legal e individual, num prisma complexo que cria uma bem estruturada teia narrativa.
Apesar de o OxyContin ter enganado cidadãos e médicos desde cedo nos Estados Unidos, nomeadamente pela falsa premissa de que não provocava adição e que o efeito era doseado, quem assiste a «Dopesick» tem noção da mentira desde o início. Não só da mentira, mas também da forma prepotente e enganadora como se moveram os comerciais que convenceram os médicos a prescrever o medicamento. Entre presentes, atenções personalizadas e conferências de luxo, tudo valia para convencer os clínicos a receitar o OxyContin e a potenciar as receitas. E todas as críticas e falhas do medicamente pareciam ser apenas mais uma desculpa para tornar a droga ainda mais lucrativa.
Quando Rick Mountcastle (Peter Sarsgaard) e Randy Ramseyer (John Hoogenakker) se lançam no encalço do crime em torno do OxyContin, o caminho avizinha-se bastante difícil. Isto porque as provas não se encontram à vista, sendo muitas vezes resultado de interpretações da dupla, que tentam encontrar um processo suficientemente forte para pôr fim a uma onda de dependência, abandono, crime, prostituição e morte.
É preciso estar atento em «Dopesick», de modo a perceber todas as alterações temporais e estilísticas que decorrem em curtos períodos de tempo. A série quer ser tão abrangente quanto possível, a fim de tornar o espectador não só observador como também testemunha de como o negócio dos medicamentos pode ser manobrado e manipulado para servir os interesses de alguns. Seja nos diálogos, seja nas interpretações, não há dúvidas da qualidade que «Dopesick» apresenta.
Não há dúvidas da qualidade de «Dopesick», que é percetível desde logo pelos seus intervenientes. Além dos talentos firmados no cinema e na televisão, a aposta do Disney+ conta com os jovens talentos (ou já confirmações) Will Poulter e Kaitlyn Dever, a par de nomes como Phillipa Soo, que brilhou no elenco original do musical Hamilton na Broadway. Já o criador é Danny Strong (Empire), enquanto na realização se destaca Barry Levinson com dois episódios.