Nos últimos anos, temos assistido a um destaque crescente para filmes de outras geografias que não as predominantes da indústria. O maior exemplo disso mesmo será «Parasitas» (2019), uma obra sagaz e intensa, que, embora retrate um contexto local, tem uma abrangência universal, abordando a dicotomia entre os mais poderosos e os mais desfavorecidos. A obra venceu quatro Óscares, incluindo na categoria de Melhor Filme.
Esta maior abertura para outras cinematografias e, por consequência, uma maior diversidade, contribui para que mais filmes tenham oportunidade de brilhar, tal como «Conduz o Meu Carro». O filme japonês, realizado e escrito por Ryûsuke Hamaguchi, teve estreia no Festival de Cinema de Cannes e foi um dos destaques do evento, vencendo três prémios. Aliás, foi a primeira vez que se atribuiu o prémio de Melhor Argumento a cineastas japoneses (Hamaguchi e Takamasa Oe).

A obra adapta o conto homónimo do aclamado escritor Haruki Murakami, tendo sido integrado na obra “Homens Sem Mulheres”, lançada em 2014. Hamaguchi revelou que o filme teve também inspiração noutros contos desta obra: “Scheherazade” e “Kino”. «Conduz o Meu Carro» conta a história de um ator e encenador que recebe o convite, dois anos após a morte da sua mulher, para dirigir a produção de “Tio Vanya” num festival de teatro. Só que o passado não o abandona e o protagonista enfrenta verdades dolorosas, contando com a ajuda de uma jovem mulher que o conduz.
Hamaguchi falou sobre os principais desafios de transformar literatura em cinema: “É sempre um processo forçado – estamos sempre a lutar com algum tipo de impossibilidade. Para mim, uma adaptação cinematográfica não é acrescentar imagens às palavras que se leu. Para que funcione, primeiro é preciso encontrar a emoção central que se sentiu no texto e depois expandi-la para o filme. Quando escrevi pela primeira vez a Haruki Murakami para lhe dizer que tipo de adaptação estava a tentar fazer, uma das coisas que salientei foi que não seria capaz de usar os diálogos como ele os escreveu. Porque, bem, as pessoas da vida real simplesmente não falam assim”. O cineasta é um dos novos nomes do cinema japonês, tendo sido um dos jurados do Festival de Cinema de Berlim, e conquistou duas nomeações aos Óscares por «Conduz o Meu Carro», nas categorias de Melhor Realização e Melhor Argumento Adaptado. 

História: Após a morte inesperada da sua esposa, Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), ator e encenador famoso, aceita uma proposta para dirigir uma produção teatral em Hiroshima. Entretanto, começa a ter de enfrentar os mistérios assombrosos que a sua mulher deixou para trás.
Realizador: Ryûsuke Hamaguchi («Happy Hour: Hora Feliz», 2015; «Roda da Fortuna e da Fantasia», 2021)
Elenco: Hidetoshi Nishijima, Tôko Miura, Reika Kirishima
Data de estreia prevista: 10 de março

https://www.youtube.com/watch?v=6BPKPb_RTwI
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