«Cloud Atlas» nasce da adaptação do romance homónimo de David Mitchell. Na realidade, mais uma restruturação do que uma mera adaptação: este «Cloud Atlas» “2.0” é da autoria dos realizadores e argumentistas Tom Tykwer («Corre, Lola, Corre») e os irmãos Wachowski (Matrix), Andy e Lana que, com o aval de Mitchell, estabeleceram arcos narrativos com ligações temáticas e visuais que unem o complexo enredo. O filme transita entre seis histórias em tempos e espaços radicalmente diferentes (1849 Polinésia, 1936 Edimburgo, 1973 São Francisco, 2012 Londres, 2144 Seoul e 2321 numa localização identificada como a “Grande Ilha”) e onde o conceito da recorrência da alma é explorado seguindo uma evolução ou regressão das almas entre o Bem e o Mal.

Existem fios condutores nesta elaborada história como um livro e uma melodia que vão variando a forma e transitam em cada Era, mas é sobretudo a força das ideias que une este objecto com noções como liberdade, amor, bondade e sacrífico inseridas nas dinâmicas de poder representativas da escravatura, ganância e opressão. Os actores interpretaram vários papéis nas diferentes épocas, criando desta forma um mecanismo que conferiu um rosto à recorrência da alma. Por exemplo, Hugh Grant começa por desempenhar um reverendo com uma moral dúbia em 1849 e vai “piorando” nos diferentes tempos: em 1973, é um industrial sem escrúpulos e em 2321 a sua alma termina a viagem como líder de uma tribo de canibais. O mesmo ocorre com todos os personagens em percursos que não são lineares, mas as histórias cruzam-se devido à montagem cerebral com o condão dos sentimentos e dos géneros a unir narrativas e espectadores num festim visual.

A produção visionária teve lugar na Alemanha com recurso a tecnologia digital e muito talento, não só do elenco e realizadores, mas também dos responsáveis pela caracterização e figurinos, que criaram um autêntico baile de máscaras para redefinir cada um dos actores nos vários níveis espácio-temporais (é difícil identificar vários personagens, como a de Hugh Grant em 2321). Realce ainda para a música de Reinhold Heil, Johnny Klimek e Tom Tykwer e a cinematografia de Frank Griebe e John Toll.

O filme desenvolve-se como um bom livro que vai revelando a sua natureza à medida que crescemos na história, mas como os criadores não subestimaram os espectadores, «Cloud Atlas» é um prazer exigente.

Título original: Cloud Atlas Realização: Tom Tykwer, Lana Wachowski, Lilly Wachowski Elenco: Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, Hugo Weaving, Jim Broadbent, Jim Sturgess, Ben Whishaw. Duração: 172 min EUA/Singapura/Hong Kong/China/Alemanha, 2012

[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº10, Junho 2013]

https://www.youtube.com/watch?v=ByehYal_cCs
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