Batman V Superman

BATMAN V SUPER-HOMEM: O DESPERTAR DA JUSTIÇA

BATMAN V SUPER-HOMEM: O DESPERTAR DA JUSTIÇA

[Texto originalmente publicado na Revista Metropolis nº37, Abril 2016]

«Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça» é um espetáculo visual chamativo mas titubeante na sua base narrativa. A história conta a batalha (supostamente) épica de dois pujantes super-heróis: Batman (Ben Affleck) e Super-Homem (Henry Cavill). Batman está cada vez mais céptico em relação a Super-Homem que, no fundo, é um alienígena com poder suficiente para acabar com a Humanidade quando lhe der na gana. Já o Super-Homem não vê nada com bons olhos a atual conduta de Batman, que é cada vez mais radical e até cruel na forma como combate a criminalidade. Juntamos a estas desconfianças um psicótico vilão, Lex Luthor (Jesse Eisenberg), e a festa está pronta para começar.

Ora, o filme arrebata-nos com o seu poder visual, efeitos especiais de tirar o fôlego e uma realização até bastante bem conseguida de Zack Snyder, notando-se perfeitamente a sua evolução desde o esquecível «Homem de Aço» (2013). A fotografia resulta bem no cômputo geral e a banda-sonora é simplesmente genial, unindo Hans Zimmer, um veterano sempre inventivo, e Junkie XL, que mostra que é um nome a ter muito em atenção.

As coisas começam a falhar quando nos focamos no argumento, sensaborão e com alguns buracos. Apesar de haver uma boa exploração da linha ténue entre o bem e o mal, que acaba por ser o fio-condutor de toda a obra, a tal luta que tanto aguardávamos entre Batman e Super-Homem acaba por ser pouco fundamentada e resolvida de uma forma demasiado rápida. Num minuto, os heróis passam de inimigos mortais a quase melhores amigos. Além disso, há pouca exploração das personagens. Com a excepção de Batman – o rei do filme –, a complexidade dos restantes fica aquém do desejável, sobretudo quando se trata do Super-Homem, que não teve evolução narrativa desde o seu filme a solo. Daqui resulta que os atores não conseguem brilhar muito, sobretudo Amy Adams, que acaba por ficar com uma Lois Lane qual dama em apuros e com pouca dimensão. Apesar de tanta controvérsia, Ben Affleck cumpre e até surpreende em alguns momentos, compondo um Batman mais sofrido e cínico do que noutras versões cinematográficas. Destaque ainda para Jesse Eisenberg, que mistura na sua personagem traços de Mark Zuckerberg de «A Rede Social» (2010) com Joker, conseguindo alguns dos momentos mais impactantes da narrativa.

Mais do que um filme por si só, «Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça» é um excelente aperitivo para os próximos filmes que se seguem nas adaptações da DC Comics. O mais próximo é «Mulher Maravilha» e a personagem, interpretada por Gal Gadot, é um dos trunfos deste filme, com uma presença misteriosa mas resplandecente e uma entrada em luta da qual muitos super-heróis teriam decerto alguma inveja. «Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça» está muitos degraus acima de «Homem de Aço» mas ainda alguns furos abaixo da trilogia Batman de Christopher Nolan. Contudo, é um bom filme de super-heróis e entretém o espectador do princípio ao fim – e o filme ainda é longo. Missão cumprida.

Título original: Batman v Superman: Dawn of Justice Realização: Zack Snyder Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jesse Eisenberg, Diane Lane, Laurence Fishburne, Jeremy Irons, Gal Gadot Duração: 152 min. EUA, 2016

[Texto originalmente publicado na Revista Metropolis nº37, Abril 2016]