«As Nadadoras» é uma obra que aborda o flagelo dos refugiados do Médio Oriente e de África no seu êxodo a qualquer custo para a Europa. É também a demonstração da capacidade da mulher árabe moderna que tem de lutar e sofrer para alcançar as liberdades e direitos que são um dado adquirido para a maioria das pessoas no mundo ocidental. A premissa do filme segue duas nadadoras, as irmãs Mardini, na sua fuga da Síria (para salvarem a família) até à participação nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Baseado em factos verídicos, «As Nadadoras» peca por ser pontualmente piegas e panfletário sem qualquer necessidade para isso, é um retrato suficientemente poderoso para não necessitar de excesso de diálogos ou sequências para enfatizar o drama. A descrição da realidade perdurará certamente na memória dos espectadores, sobretudo, a travessia para a Europa e a vivência de uma família com três crianças nos arredores de Damasco em plena guerra civil. Para alcançarem o seu objectivo as irmãs efetuam uma jornada épica com refugiados de outros países onde provam a sua coragem e resiliência no mar Egeu até à chegada a Berlim. É tudo muito arrepiante, mas ao mesmo tempo demonstrativo da determinação das irmãs Mardini em duas sólidas performances curiosamente interpretadas no filme também por duas irmãs: Manal e Nathalie Issa. Obviamente que esta história também de emancipação de duas mulheres árabes tem outro poder em 2022 face à luta das mulheres vítimas do autoritarismo político e religioso no Médio Oriente. A realizadora Sally El Hosaini tem um olhar muito apurado, diria mesmo poético (as sequências na água são oníricas), numa inspiradora e heroica história de duas jovens comuns a praticarem feitos extraordinários.
Título original: The Swimmers Realização: Sally El Hosaini Elenco: Matthias Schweighöfer, Ali Suliman, Manal Issa Duração: 134 min. EUA/Reino Unido, 2022
https://www.youtube.com/watch?v=ObN4krVV20Y