Joe Wright reconhecido pelo seu virtuosismo visual aborda de forma peculiar “Anna Karenina”, a épica história de amor escrita por Tolstoy. Os eventos ocorrem em 1850 no seio da aristocracia russa, a trama central descreve a perdição amorosa de Anna Karenina. O romance está no centro da narrativa nas paixões e nas contradições entre as pessoas e o amor pela pátria.

Neste filme as linhas entre a realidade e a ficção são esbatidas a partir de um princípio em que a vida é um teatro em movimento, como uma casa de bonecas os acontecimentos rodopiam em cena seguindo códigos teatrais com algumas pistas cinematográficas. Joe Wright criou uma metáfora visual ao representar Anna Karenina num teatro em constante mutação de cenários e intervenientes (um figurante é escriturário e na mudança de cenário in loco torna-se um servente de mesa). Existem algumas excepções à regra teatral, veja-se as sequências do comboio (filmadas num museu) ou as cenas exteriores com Levin (Domhnall Gleeson) na sua realidade campestre e afastado a aristocracia de Moscovo. Fluidez e os interiores são os principais ingredientes desta obra, tudo ocorre a um ritmo de constante bailado – a representação, o trabalho de câmara e a narrativa. A preocupação esteve concentrada na forma secundarizando o conteúdo.

O trabalho dos figurinos de Jacqueline Durran colocou a obra noutro patamar, capturando perfeitamente o estilo e a época numa destilação de chique, luxo e elegância. O argumento de Tom Stoppard concentrou-se em encontrar a essência do livro de Tolstoy, um modo que estruturou a narrativa mais em actos do que em arcos. Os actores tiveram a liberdade de estilizar os seus desempenhos, as interpretações possuem o seu dramatismo e são lideradas por Keira Knightley (Anna Karenina) uma representação apurada de uma personagem dividida entre o amor do filho, a bondade do marido (Jude Law) e a perdição por um jovem oficial de cavalaria (Aaron Taylor-Johnson).

Joe Wright provou que era perfeitamente capaz de encenar o filme numa escala convencional na linha dos anteriores trabalhos «Orgulho e Preconceito» («Pride & Prejudice») (2005) e «Expiação» («Atonement») (2007). A sua opção é discutível, experimental e não tem o sentido de épico visual, é mais teatro filmado do que cinema.

Título original: Anna Karenina Realização: Joe Wright Elenco: Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson, Matthew Macfadyen, Kelly Macdonald Duração: 129 min Reino Unido, 2012

[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº11, Julho/Agosto 2013]

https://www.youtube.com/watch?v=scFiN–L4XM
ARTIGOS RELACIONADOS
O JOGO DA RAINHA

O Rei Henrique VIII (Jude Law) ausenta-se numa campanha militar no estrangeiro e deixa a sua sexta mulher, Katherine Parr Ler +

O Jogo da Rainha – antevisão

A história da realeza britânica já rendeu muitos filmes e séries. De entre os monarcas representados, o Rei Henrique VIII Ler +

O Jogo da Rainha – trailer

Na sangrenta Inglaterra Tudor, Katherine Parr, a sexta e última esposa do rei Henrique VIII, é nomeada regente enquanto o Ler +

Nosferatu – trailer

«Nosferatu», de Robert Eggers, é um dos filmes mais aguardados do ano e tem o lançamento previsto nos cinemas no Ler +

PROFISSÃO: PERIGO

«Profissão: Perigo» é um filme electrizante com uma excepcional dupla de actores e um realizador que domina o género de Ler +

Please enable JavaScript in your browser to complete this form.

Vais receber informação sobre
futuros passatempos.