Adaptar um romance de Stephen King nunca seria tarefa fácil, especialmente quando a preocupação era criar uma saga abdicando de construir um drama mais consistente através de sólidas bases narrativas. O resultado é um objecto com várias pontas soltas. Idris Elba encarna Roland, um pistoleiro encarregue de suprimir os avanços do mal, aqui representado por Walter (Matthew McConaughey). Nesta luta eterna entre luz e trevas tenta-se destruir a balança do poder apoiada numa Torre que impede que as forças do mal invadam a Terra e uma série de mundos paralelos. A narrativa cruza um adolescente da Terra (Tom Taylor) com Walter e o Pistoleiro. O jovem pode ser um foco de desequilíbrio uma vez que, se cair nas mãos erradas, devido aos seus poderes extraordinários, ele pode derrubar a Torre. A par desta narrativa de fantasia e acção, estão três histórias pessoais que se intersectam com o destino da humanidade. Assim, uma travessia solitária para encontrar um fim para todos os problemas transforma-se numa busca que também pode decidir o futuro da humanidade e a delicada harmonia entre os diversos mundos. «A Torre Negra» não é um poço sem fundo – já vimos muito pior –, mas o registo tinha a obrigação de estar à altura das empenhadas interpretações de Idris Elba e Matthew McConaughey. Tinha a obrigação de fazer justiça à criação de um vulto como Stephen King. Infelizmente, «A Torre Negra» é um filme sem alma.
Título original: The Dark Tower Realização: Nikolaj Arcel Elenco: Idris Elba, Matthew McConaughey, Tom Taylor. 95 min. EUA, 2017