Defender os interesses da pátria e servir o país. Mas a que custo? Esta é uma das questões que estão na base da fábula em forma de drama «A Fuga do Capitão Volkonogov». Na obra, o Capitão Fyodor Volkonogov é um respeitado agente da lei da União Soviética. Contudo, começa a indagar os meandros das ações onde trabalha e foge, mas torna-se, rapidamente, num alvo a abater. À noite, um mensageiro do outro mundo avisa-o que irá para o inferno quando morrer, mas que ainda tem uma oportunidade de chegar ao paraíso. Para isso, precisa arrepender-se e que, pelo menos, uma pessoa o perdoe. Mas o caminho para a absolvição abarca muitos obstáculos.
Natasha Merkulova e Aleksey Chupov assinam o argumento e realização da obra de uma forma competente, construindo uma narrativa coesa e com momentos inquietantes, embora se note, por vezes, alguma falta de ritmo. O thriller retrata o final da década de 1930, da União Soviética, de Leningrado, mas, na verdade, é também mais do que isso, levando a uma reflexão mais ampla e que se desprende daquele período histórico específico.
A procura incessante e com tempo contado que o protagonista embarca pelo perdão – não só de outra pessoa, mas dele próprio – é uma descida aos infernos que impressiona também pela Fotografia, assinada por Mart Taniel, e pela qualidade interpretativa dos atores da obra, sobretudo do protagonista, Yuriy Borisov.
Expondo as cicatrizes de um passado impiedoso e sangrento, o filme foca-se na redenção como o objetivo derradeiro de um homem que, na verdade, foge mais do seu passado e do impacto das suas ações do que propriamente de quem o persegue e quer eliminar. Mas esta talvez seja uma fuga demasiado ambiciosa para o jovem Capitão Volkonogov e a profundidade dessa premissa é um dos trunfos deste impactante drama.
Título Original: Kapitan Volkonogov bezhal Realização: Natasha Merkulova, Aleksey Chupov Elenco: Yuriy Borisov, Timofey Tribuntsev, Aleksandr Yatsenko Duração: 126 min. EUA, 2021
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