“O Monstro Precisa de Amigos” anunciaram e cantaram os Ornatos Violeta. E durante vários anos filmou Guillermo del Toro este mote, crendo sempre, como afirmou no seu discurso nos Golden Globe, que os monstros são os padroeiros das nossas ditosas imperfeições.

Sendo del Toro o realizador desta película, já esperávamos um monstro, uma abordagem na qual estas criaturas de pesadelos não são malignas, porém, e apesar dos trailers do filme, não esperávamos uma tão tocante e mágica história de amor.

Elisa (Sally Hawkins) e Zelda (Octavia Spencer) são meras empregadas de limpeza num complexo secreto do governo do Estados Unidos que vivem a sua rotina de cada dia, picando o cartão, limpando e conversando sobre as pequenas coisas da vida. Até que, pelas mãos do hostil Richard Strickland (Michael Shannon), chega ao complexo uma estranha criatura aquática (Doug Jones) vinda da América do Sul. Ora a curiosa e amável Elisa enceta não só uma relação com a criatura, como também, mais tarde, uma missão de salvamento.

Ao lermos a sinopse cremos ser um filme B, no entanto não nos devemos enganar. O que nos parece mais estranho, acaba por nos encantar. Ou seja, a relação entre Elisa e a Criatura. O realizador mais uma vez dá-nos um novo conto de fadas. Reenche a nossa fantasia, as nossas esperanças e os nossos olhos. Tudo funciona em perfeita harmonia: o argumento, a representação dos atores, o cenário, os efeitos especiais, a música. Diante da tela somos crianças outra vez, mas agora sabemos ler nas entrelinhas. Ou pelo menos questionamo-nos: O porquê das cores? A razão pela qual Elisa é muda? Porque razão o filme se passa em plena Guerra Fria? E a água? E etc. De facto, Sally Hawkins e Doug Jones brilham sem nunca trocarem uma palavra. Os movimentos, os olhares, as expressões são magníficas. Mas todo o elenco os acompanha: os olhos rancorosos de Richard, a firmeza de Zelda, a gentileza triste dos gestos de Giles (Richard Jenkins). Tanto a banda sonora a cargo de Alexandre Desplat, como a fotografia de Dan Laustsen são elementos fundamentais para esta fábula cinematográfica, pois, se formos sinceros, efabulamo-nos, e é maravilhoso.

Guillermo del Toro continuou fiel aos seus monstros e de certa forma ofereceu a outro monstro, o do filme «Creature from the Black Lagoon» (Jack Arnold, 1954), uma possibilidade de amar e ser amado. As semelhanças entre as duas criaturas são grandes. Ao longo da filme podemos encontrar outras influências de outros filmes, como se também «A Forma da Água» fosse uma pequena homenagem à magia do cinema. Mas por enquanto é um novo conto de fadas, com ensinamentos para a Humanidade, encantamentos e poesia. Ora, comecemos de novo: Era uma vez, uma empregada de limpeza chamada Elisa e…

Título original: The Shape of Water Realização: Guillermo del Toro Elenco: Sally Hawkins, Octavia Spencer, Michael Shannon, Richard Jenkins, Michael Stuhlbarg. Duração: 123 min. EUA/Canadá/México, 2017

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