A Disney+ continua a expandir o universo Star Wars para nos revelar mais uma história original,  «A Acólita» é uma série que se desvia da norma.

Os planos do estado maior da Lucasfilm em relação ao universo Star Wars são ambiciosos. Há um investimento na saga a vários níveis: no cinema e nas séries de televisão. A plataforma de streaming da Disney tem sido um porto seguro para avançar a saga originalmente criada por George Lucas. A animação digital e imagem real têm ampliado significativamente este mundo que apaixona milhões de fãs. Há criadores que têm feito progredir a saga ao investirem as suas histórias em diferentes períodos da saga cinematográfica. O cinema parou este avanço após a desilusão de «Solo» mas o streaming não só prosseguiu as histórias paralelas, algumas delas originadas em criações fora do cinema como a literatura, encontrando novas formas de injetar energia além da dimensão dos personagens icónicos. E assim chegamos a «A Acólita», uma série com uma frescura narrativa que desbrava mundos virgens e novos personagens para gáudio dos fãs Star Wars. É uma bela surpresa que viaja por rotas narrativas nunca antes navegadas em imagem real. E até ao quarto episódio (que tivemos acesso antecipado) não vemos sinal de nenhuma figura charneira da mitologia Star Wars. A acção desenrola-se num período 100 anos antes do início da saga Skywalker em « Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma».

A produção marca a chegada de mais uma nova estrela na criação do universo Star Wars. Pelo meio do reinado dos criadores Jon Favreau («The Mandalorian», «O Livro de Boba Fett») e Dave Filoni («Ahsoka», «Star Wars: O Lote Estragado») surge imperial Leslye Headland, a criadora, showrunner e realizadora de «A Acólita». Arrisco-me a afirmar que há algum tempo não tínhamos este salto de criatividade, enquanto os actuais criadores fazem brilharetes nas variações de género dentro do modelo criado por George Lucas, Leslye Headland parte o molde e cria a sua própria jornada.

Em «A Acólita» temos no centro da narrativa duas irmãs gémeas, cada uma seguiu o seu caminho que está marcado pela tragédia. A série começa inicialmente com uma variação que difere do classicismo Star Wars com temáticas de suspense policial ao nível de Hitchcock mas depois regressamos à aventura e ficção com uma preocupação na observação de uma expressividade do lado mais interior e analítico das personagens principais.

A dupla de personagens centrais (Mae e Osha) têm o mérito de um desempenho pleno de afirmação de Amandla Stenberg. É uma belíssima interpretação que nos fez correr para saber o que a actriz já tinha feito e de facto Amandla Stenberg pode ter um antes e depois de «A Acólita». A personagem catalisadora da série é Osha, uma ex-aluna dos métodos Jedi mas que não foi uma boa estudante por não ter conseguido aceitar o que perdeu. Ela deseja vingança mas tem de abandonar a dor para encontrar o seu caminho. É uma personagem que não deve ser definida por aquilo que perdeu mas por aquilo que sobreviveu.

Outro destaque, em termos de interpretações, vai para Lee Jung-jae no papel de Mestre Sol que além de iluminar o caminho de Osha ele carrega uma dor por um evento passado. Sol é o estereotipo de um grande guerreiro que além das suas valências ele também tem as suas fragilidades. Por último uma referência à britânica (que todos amam) Jodie Turner-Smith no papel da mãe das gémeas. Ela emana classe, mistério e sentimento (no amor de mãe) num episódio revelatório dedicado à origem da contenda entre as irmãs e das suas aptidões.

A série está irrepreensível na criação de novos mundos. Além dos planetas que ganham vida nesta série temos a revisitação do Templo Jedi em Coruscant. O lado tecnológico continua a impressionar num estilo que é mais (e tem de ser cronologicamente) anacrónico ao que estamos habituados em Star Wars.

«A Acólita» apresenta-se como o futuro numa viagem ao passado, é uma nova essência que a mitologia estava a precisar na continua expansão do seu legado.

https://www.youtube.com/watch?v=6tzur6JrUEA

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