Até à data «007 – Operação Relâmpago» é feitas as contas e ajustada a inflação o mais rentável de todos os filmes de 007. O mais irónico é que esta aventura é apenas parcialmente da autoria de Ian Fleming, que nos inícios da década de 60 tinha procurado criar um argumento original para o cinema das aventuras de Bond, em parceria com Jack Whittington e Kevin McGlory. O projecto não foi para a frente e Fleming aproveitou o material para escrever uma novelização onde pôs apenas o seu nome. McGlory e Whittington ripostaram com um processo judicial que viria a resultar num acordo onde Kevin McGlory teria os direitos cinematográficos do romance. Toda esta conversa jurídica pode parecer algo deslocada mas viria revelar-se importante pois em 1983 Kevin McGlory viria a poder produzir o famoso Bond renegado «Nunca Mais Digas Nunca» – um remake de Thunderball, que fez Connery encarnar uma vez mais Bond. A intriga gira em torno do roubo de duas bombas nucleares roubadas de um avião que caiu no oceano. A organização criminosa Spectre exige 100 milhões de dólares em diamantes pela devolução das bombas, porém Bond, o eterno pauzinho na engrenagem do sindicato do mal, vai deitar por terra a arrojada operação. Apesar de ter todos os ingredientes habituais da série – acção, sensualidade, exotismo, «007 – Operação Relâmpago» é por vezes algo enfadonho especialmente nas longas sequências submarinas que podiam ter levado umas belas tesouradas. Uma questão final, porquê em português “Operação Relâmpago”? O mais que podia ser era Operação Trovão, enfim caprichos dos distribuidores, que para mal de todos nós é coisa que não mudou em 50 anos.
Título original: Thunderball Realização: Terence Young Elenco: Sean Connery, Claudine Auger, Adolfo Celi, Luciana Paluzzi, Rik Van Nutter, Guy Doleman, Molly Peters, Martine Beswick, Bernard Lee, Desmond Llewelyn, Lois Maxwell. Duração: 130 min. Reino Unido, 1965
Tema musical: “Thunderball” interpretado por Tom Jones, letra de Don Black, composição sonora de John Barry
[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº2, Outubro 2012]